Cisgeneridade e políticas de enunciação no transfeminismo brasileiro
Resumo
Neste artigo, discutimos a noção de cisgeneridade sob a perspectiva transfeminista brasileira tendo por eixo de análise as políticas de enunciação que constituem o campo de saberes sobre gênero e sexualidade. Algumas questões disparam a discussão: quais sujeitos foram produzidos como objeto de saber? Quais discursos são autorizados? O saber das pessoas trans sobre elas mesmas é legitimado, ou colocado, com demasiada frequência, sob suspeição? Quando falamos de gênero, quem fala e quem é falado? O pensamento transfeminista brasileiro, a partir do uso da cisgeneridade como categoria analítica, problematiza a assimetria epistemológica entre aqueles que são sujeitos do conhecimento e aqueles que são tornados objetos de saber. Nesse sentido, pode-se dizer que a noção de cisgeneridade inaugura um novo contexto de enunciação, uma vez que seu uso implica um deslocamento na estrutura epistêmica tradicional nos campos de produção de conhecimento sobre gênero.
Palavras-chave
Cisgênero, Transfeminismo, Sexo, Psicologia, Grupo sexual minoritárioReferências
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