Cisgeneridade e políticas de enunciação no transfeminismo brasileiro

Autores

Resumo

Neste artigo, discutimos a noção de cisgeneridade sob a perspectiva transfeminista brasileira tendo por eixo de análise as políticas de enunciação que constituem o campo de saberes sobre gênero e sexualidade. Algumas questões disparam a discussão: quais sujeitos foram produzidos como objeto de saber? Quais discursos são autorizados? O saber das pessoas trans sobre elas mesmas é legitimado, ou colocado, com demasiada frequência, sob suspeição? Quando falamos de gênero, quem fala e quem é falado? O pensamento transfeminista brasileiro, a partir do uso da cisgeneridade como categoria analítica, problematiza a assimetria epistemológica entre aqueles que são sujeitos do conhecimento e aqueles que são tornados objetos de saber. Nesse sentido, pode-se dizer que a noção de cisgeneridade inaugura um novo contexto de enunciação, uma vez que seu uso implica um deslocamento na estrutura epistêmica tradicional nos campos de produção de conhecimento sobre gênero. 

Palavras-chave

Cisgênero, Transfeminismo, Sexo, Psicologia, Grupo sexual minoritário

Referências

Bagagli, Beatriz. (2014a, abril 18). Cisgeneridade e silêncio. Transfeminismo. https://transfeminismo.com/cisgeneridade-e-silencio/

Bagagli, Beatriz (2014b, septiembre 28). Foraclusão do nome cisgênero e a política do significante. Transfeminismo. https://transfeminismo.com/foraclusao-do-nome-cisgenero-e-a-politica-do-significante/

Bagagli, Beatriz (2014c, julio 25). O feminismo radical e o barão de Münchhausen. Transfeminismo. https://transfeminismo.com/o-feminismo-radical-e-o-barao-de-munchhausen/

Bagagli, Beatriz (2014d, agosto 5). O irrompimento da cisgeneridade. Transfeminismo. https://transfeminismo.com/o-irrompimento-da-cisgeneridade/

Bagagli, Beatriz (2014e, marzo 23). O que é cisgênero? Transfeminismo. https://transfeminismo.com/o-que-e-cisgenero/

Bagagli, Beatriz (2014f, octubre 12). Sobre a dificuldade de dizermos nós. Transfeminismo. https://transfeminismo.com/sobre-a-dificuldade-de-dizermos-nos/

Bagagli, Beatriz (2015, febrero 15). Trânsito de gênero e opacidade: é possível visibilidade sem alteridade? Transfeminismo. https://transfeminismo.com/transito-de-genero-e-opacidade-e-possivel-visibilidade-sem-alteridade/

Bagagli, Beatriz (2017, enero 01). Sobre o caso David Reimer. Transfeminismo. https://transfeminismo.com/sobre-o-caso-david-reimer/

Bagagli, Beatriz. (2018, enero 30). Quando você Coloca Aspas na Palavra Cisgênero. Medium. https://medium.com/@biapagliarinibagagli/quando-voc%C3%AA-coloca-aspas-na-palavra-cisg%C3%AAnero-3f6614f1b6b6

Bagagli, Beatriz & Vieira, Helena (2018). Transfeminismo. En: Heloisa Buarque de Hollanda (Org.). Explosão feminista, (pp. 343-378). Companhia das letras.

Butler, Judith (1990/2002). Gender Trouble: feminism and the subversion of identity. Routledge.

Butler, Judith (1994). Contingent foundations: feminism and the question of “postmodernism”. En: Steven Seidan (Ed.). The postmodern turn: new perspectives on social theory. (pp. 153-170). Cambridge University Press.

Butler, Judith (2001/2013). O que é a crítica? Um ensaio sobre a virtude de Foucault. Cadernos de Ética e Filosofia Política, 1(22), 159-179.

Butler, Judith (2009/2010). Marcos de guerra. Paidós.

Cavalcanti, Céu (2017, mayo 21). Sobre visibilidades e exotificações. Medium. https://medium.com/@ceucavalcanti/sobre-visibilidades-e-exotifica%C3%A7%C3%B5es-51d4b246223c

Cavalcanti, Céu (2018, mayo 26). Por escritas travestis anti-coloniais. Medium. https://medium.com/@ceucavalcanti/por-escritas-travestis-anti-coloniais-7c7bc132ecfd

Coacci, Thiago (2018). Conhecimento precário e conhecimento contra-público: a coprodução dos conhecimentos e dos movimentos sociais de pessoas trans no Brasil. Tesis de Doctorado inédita en Ciencia Política. Universidad Federal de Minas Gerais.

Dumaresq, Leila (2014). O cisgênero existe. Transliteração. http://transliteracao.com.br/leiladumaresq/2014/12/o-cisgenero-existe/

Dumaresq, Leila (2016). Ensaio (travesti) sobre a escuta (cisgênera). Periódicus, 5(1), 121-131. https://doi.org/10.9771/peri.v1i5.17180

Foucault, Michel. (1969/2002). La arqueología del saber. Siglo XXI.

Foucault, Michel. (1976/2007) História de la sexualidad I: la voluntad de saber. (31ª ed). Siglo XXI.

Foucault, Michel. (2017). Ditos e Escritos V: Ética, Sexualidade, Política. (3ª ed). Forense Universitária.

Grimm, Raíssa (2016, junio 24). A violência cisgênera e suas hierarquias. Transfeminismo. https://transfeminismo.com/a-violencia-cisgenera-e-suas-hierarquias/

Halberstam, Jack (2008). Masculinidad Femenina. Egales.

Haraway, Donna (1988/1995). Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, 5, 7-41.

Harding, Sandra (1986/1993). A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. Revista Estudos Feministas, 1(1), 7-31. https://doi.org/10.1086/494270

hooks, bell (1992/2019). Olhares negros: raça e representação. Elefante.

Kaas, Hailey (2012). O que é cissexismo? Transfeminismo. https://transfeminismo.com/o-que-e-cissexismo/

Katz, Jonathan Ned (1996). A invenção da heterossexualidade. Ediouro Publicações.

Kilomba, Grada (2010). Plantation memories. Unrast.

Leite Jr, Jorge (2008). "Nossos corpos também mudam": sexo, gênero e a invenção das categorias "travesti" e "transexual" no discurso científico. Tesis de doctorado inédita en Ciencias Sociales. Pontifícia Universidad Católica de São Paulo.

Lugones, Maria. (2014) Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, 22(3), 935-952. https://doi.org/10.1590/%25x

Mombaça, Jota (2015, enero 6). Pode um cu mestiço falar? Transfeminismo. https://medium.com/@jotamombaca/pode-um-cu-mestico-falar-e915ed9c61ee

Preciado, Paul (2008/2018). Testo Junkie. N-1

Preciado, Paul (2009) Terror anal. In: Guy Hocquenghem. El deseo homosexual (pp. 133-172). Melusina.

Rodovalho, Amara (2017a). O cis pelo trans. Revista Estudos Feministas, 25(1), 365-373. https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p365

Rodovalho, Amara (2017b, agosto 8). Quem pode se dizer homem? Revista Cult. https://revistacult.uol.com.br/home/quem-pode-se-dizer-homem/

Silva, Mariah Rafaela C. G. (2016). Antropofagia queer: imagem, (trans) gênero e poder. Trabajo inédito de conclusión de curso en Historia del Arte. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Vergueiro, Viviane (2015). Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. Tesis de Maestría inédita. Universidad Federal de Bahia.

Vieira, Helena (2018, 27 de diciembre). Alguns apontamentos sobre lugar de fala [post de Facebook]. Recuperado el 01 de Junio de 2022, en https://www.facebook.com/dantasdantasvieira/posts/2099149356816767

Biografia do Autor

Ana Paula Hining, Universidade Federal de Santa Catarina

Psicóloga e Mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Publicado

2022-06-29

Como Citar

Hining, A. P., & Toneli, M. J. F. . (2022). Cisgeneridade e políticas de enunciação no transfeminismo brasileiro. Athenea Digital. Revista De Pensamiento E investigación Social, 22(2), e3033. https://doi.org/10.5565/rev/athenea.3033

Downloads

Não há dados estatísticos.