A procura da pedra da loucura: apontamentos sobre o processo de biologização da psiquiatria
Resumen
A psiquiatria contemporânea é marcada por uma tendência biologicista com especial uso de psicofármacos no tratamento de suas supostas enfermidades. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é analisar, no âmbito da constituição histórica da psiquiatria, sua busca pela origem orgânica das patologias mentais, a partir da teoria alienista de Philippe Pinel e da teoria da degenerescência de Benedict-Augustin Morel. Dessa forma, inspirados na perspectiva genealógica foucaultiana, o artigo pretende apresentar pistas sobre o caminho da biologização dos discursos e práticas psiquiátricas que culminaram no século XXI no atual sistema classificatório das patologias mentais, que nutre o paradigma biomédico e promove a banalização de diagnósticos e a generalizada prescrição de psicofármacos.Palabras clave
História da psiquiatria, Loucura, Biologicismo, PsicofarmacologiaCitas
American Psychiatric Association (1952). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (First Edition). Washington, DC: American Psychiatric Association.
American Psychiatric Association (1968). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Second Edition). Washington, DC: American Psychiatric Association.
American Psychiatric Association (1980). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Third Edition). Washington, DC: American Psychiatric Association.
American Psychiatric Association (1987). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Third Edition-Revised). Washington, DC: American Psychiatric Association.
American Psychiatric Association (1994). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Fourth Edition). Washington, DC: American Psychiatric Association.
American Psychiatric Association (2000). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Fourth Edition – Text Revision). Washington, DC: American Psychiatric Association.
American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Fifth Edition). Washington, DC: American Psychiatric Association.
Angel, Marcia (2011). A epidemia de doença mental. Recuperado de http://piaui.folha.uol.com.br/materia/a-epidemia-de-doenca-mental/
Bercherie, Paul (1982). Os fundamentos da clínica: história e estrutura do saber psiquiátrico. Rio de Janeiro: Zahar
Bezerra Júnior, Benilton (2014). Introdução – A psiquiatria contemporânea e seus desafios. Em Rafaela Teixeira Zorzanelli, Benilton Bezerra Júnior& Jurandir Freire Costa (Orgs.), A criação de diagnósticos na psiquiatria contemporânea. (pp. 9-31). Rio de Janeiro: Garamond.
Birman, Joel (1978). A psiquiatria como discurso da moralidade. Rio de Janeiro: Graal.
Bogochvol, Ariel (2001). Sobre a psicofarmacologia. Em Maria Cristina Rios Magalhães (Org.), Psicofarmacologia e Psicanálise. (pp. 35-62). São Paulo: Escuta.
Caliman, Luciana Vieira (2006). A biologia moral da atenção: A constituição do sujeito desatento. Tese de Doutorado não publicada, Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Caponi, Sandra (2012). Loucos e degenerados: uma genealogia da psiquiatria ampliada. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
Caponi, Sandra (2014). O DSM-V como dispositivo de segurança. Physis, 24(3), 741-763. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312014000300005
Castel, Robert (1978). A ordem psiquiátrica: a idade de ouro do alienismo. Rio de Janeiro: Graal.
Foucault, Michel (1961/1972). História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectivas.
Foucault, Michel (1963/1977). O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Foucault, Michel (1971/1982). Nietzsche, a genealogia e a história. Em Michel Foucault. Microfísica do poder. (3ed., pp. 15-38). Rio de Janeiro: Edições Graal.
Foucault, Michel (1974/2006). O poder psiquiátrico: curso no Collège de France (1973-1974). São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, Michel (1974/2010). Crise da medicina ou crise da antimedicina. Revista Verve, 18, 167-194.
Frances, Allen (2013). Saving Normal: an insider's revolt against out-of-control psychiatric diagnosis, DSM-V, big pharma, and the medicalization of ordinary life. New-York: Harper Collins Publisher.
Gaudenzi, Paula (2014). A tensão naturalismo/normativismo no campo da definição da doença. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 17(4), 911-924. http://dx.doi.org/10.1590/1415-4714.2014v17n4p911.8
Gross, Charles (1999). ‘Psychosurgery’ in Renaissance art. Trends Neurosci, 22(10), 429–431. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10481185
Mayes, Rick & Horwitz, Allan (2005). DSM-III and the revolution in the classification of mental illness. Journal of the History of the Behavioral Sciences, 41(3), 249-267. http://dx.doi.org/10.1002/jhbs.20103
Morel, Benedict-Augustin. (1857/2008). Tratado das degenerescências na espécie humana. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 11(3), 497-501. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-47142008000300013
Munhoz, Francisco López; Alamo, Cecilio & Cuenca, Eduardo (2000). La "década de oro" de la psicofarmacología (1950-1960): trascendencia histórica de la introducción clínica de los psicofármacos clásicos. Em Congreso Virtual de Psiquiatría 1 de Febrero - 15 de Marzo 2000. Recuperado de https://psiquiatria.com/trabajos/539.pdf
Pereira, Mário Eduardo Costa (2008). Morel e a questão da degenerescência. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 11(3), 490-496. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-47142008000300012
Pinel, Philippe. (1800/2007). Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou a mania. Porto Alegre: Editora UFRGS.
Rocha, Luiz Carlos. (2004). O perigo dos pobres. Em Sônia Aparecida França, Luiz Carlos da Rocha, Soraia Paiva Cruz, José Sterza Justo & Hélio Rebelo Cardoso Júnior (Orgs.). Estratégias de controle social. (pp. 43-67). São Paulo: Arte e Ciência.
Sánchez, Nicolás Fuster & Moscoso-Flores, Pedro. (2016). «Poder» en la época de la Población. Foucault y la medicalización de la ciudad moderna. Athenea Digital, 16(3), 207-227. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenea.1666
Serpa Júnior., Octavio Dumont. (1999). Mal-Estar na Natureza. Rio de Janeiro: Te Corá Editora.
Serpa Júnior., Octavio Dumont. (2010). O degenerado. Revista História, Ciências, Saúde, 17(supl. 2), 447-473. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702010000600011
Publicado
Cómo citar
Descargas
Derechos de autor 2018 Daniele de Andrade Ferrazza, Murilo Galvão Amancio Cruz

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.