Versões de vulnerabilidade em artigos científicos brasileiros sobre desastres ambientais

Autores/as

  • Mário Henrique da Mata Martins Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Roberth Miniguine Tavanti Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Mary Jane Paris Spink Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumen

Nesta pesquisa, analisamos versões de vulnerabilidade em artigos científicos brasileiros sobre desastres ambientais. Para alcançar esse objetivo, realizamos uma revisão bibliográfica da literatura disponível em uma base de dados especializada em desastres e saúde e uma revisão reticulada da bibliografia encontrada. Em seguida, descrevemos o conteúdo dos artigos, identificamos os repertórios linguísticos de vulnerabilidade que utilizam e as versões de vulnerabilidade que esses repertórios produzem. Nossos resultados mostram que parte dos artigos não define com clareza o que é vulnerabilidade, mas especificam ou associam as áreas do saber habilitadas a falar sobre o assunto, rotulam pessoas como vulneráveis e hierarquizam vulnerabilidades pelo uso de instrumentos de medição e quantificação. Concluímos que é necessário discutir as formas pelas quais a literatura científica tem produzido versões de vulnerabilidade a partir de repertórios linguísticos de modo a promover diálogos entre campos de saber.

Palabras clave

Vulnerabilidade, Desastre, Comunicação e divulgação científica, Repertórios linguísticos

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Biografía del autor/a

Mário Henrique da Mata Martins, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutorando em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, realiza Especialização lato-sensu em Gerenciamento Ambiental pela Universidade de São Paulo e é Graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas. Foi docente no curso de Psicologia da Unidade Educacional de Palmeira dos Índios - UFAL/Campus Arapiraca, onde ministrou disciplinas de Psicologia Geral. Tem experiência na área de Psicologia Social e Ambiental com ênfase nas seguintes temáticas: saúde e meio ambiente, vulnerabilidade socioambiental, comunicação e percepção de riscos, desastres e políticas públicas.

Roberth Miniguine Tavanti, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutorando em Psicologia Social no Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Graduado em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina. Tem experiência na área de Psicologia Social com ênfase em políticas públicas e ações coletivas. Atualmente desenvolve pesquisas sobre os temas: riscos como estratégia de governamentalidade; vulnerabilidades urbanas; políticas públicas de cultura e juventudes.

Mary Jane Paris Spink, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP); Docente e orientadora dos Cursos de Mestrado e Doutorado do Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social da PUCSP; coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Práticas Discursivas e Produção de Sentidos, desde 1987 (Grupo de Pesquisa cadastrado no CNPq). Possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1969) e doutorado em Psicologia Social - University of London (1982); realizou estágio Pós-doutoral em Ciências Humanas na University of Cambridge, Inglaterra (1998). Bolsista de Produtividade do CNPq, desde 1998. Experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: práticas discursivas e produção de sentidos, risco como estratégia de governamentalidade e saúde coletiva.

Publicado

08-11-2016

Cómo citar

Martins, M. H. da M., Tavanti, R. M., & Spink, M. J. P. (2016). Versões de vulnerabilidade em artigos científicos brasileiros sobre desastres ambientais. Athenea Digital. Revista De Pensamiento E Investigación Social, 16(3), 347–366. https://doi.org/10.5565/rev/athenea.2007

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