Gêneros inteligivéis em cena: o cinema e a produção de verdades sobre os corpos

Autores

  • Luciene Galvão Universidade Federal de Pernambuco
  • Isalena Santos Carvalho Universidade Federal do Maranhão

Resumo

Neste artigo, discutimos como a linguagem cinematográfica produz verdades, a partir das contribuições dos filósofos Michel Foucault, sobre sexualidade e relações de poder, e Judith Butler, sobre gêneros inteligíveis. Ao longo do texto, a discussão é ilustrada através de filmes que trazem emblemáticas noções de masculinidades e feminilidades. Dentre as verdades neles produzidas, destacamos: o culto ao amor romântico; a repetição de regras que sustentam identidades de gênero tidas como hegemônicas; a relação entre masculinidade e violência; e a não inscrição das práticas homoafetivas na concepção binária de masculino e feminino. Os enredos dos filmes nos mostram que tais verdades são constantemente negociadas e indicam ainda que as normas sobre sexo, desejo, prazer, masculinidades e feminilidades não são somente reproduzidas pois seus efeitos sobre os enredos particulares não terminam com o fim dos filmes.

Palavras-chave

Gêneros inteligíveis, Relações de Poder, Cinema

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Biografia do Autor

Luciene Galvão, Universidade Federal de Pernambuco

Mestranda em Psicologia no Programa de Pós-graduação em Psicologa da UFPE. Graduada em Psicologia na UFMA. Atualmente pesquisa prazeres sexuais e pornografia e integra o Labeshu - Laboratório de Estudos da Sexualidade Humana.

Isalena Santos Carvalho, Universidade Federal do Maranhão

Psicóloga (Universidade Federal do Maranhão), mestre em Psicologia e doutora em Psicologia Clínica e Cultura (Universidade de Brasília)Afiliação Institucional: Professora Adjunto II da Graduação e da Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Maranhão

Publicado

2014-06-16

Como Citar

Galvão, L., & Santos Carvalho, I. (2014). Gêneros inteligivéis em cena: o cinema e a produção de verdades sobre os corpos. Athenea Digital. Revista De Pensamiento E investigación Social, 14(2), 171–193. https://doi.org/10.5565/rev/athenea.1149

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