Do trágico à clínica do possível no cuidado de usuários de drogas

Autores

  • Loiva Maria De Boni Santos Faculdades Integradas de Taquara
  • Simone Mainieri Paulon Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

O artigo relata uma pesquisa-intervenção realizada em município do sul do Brasil com usuários de álcool e outras drogas tidos como “não aderentes” aos tratamentos ofertados na rede de atenção psicossocial da região. Sustentando uma abordagem inclusiva e anti-proibicionista, o estudo cartografou caminhos tecidos pelos usuários de drogas no território, a fim de identificar quais “nós” da rede (rituais, estratégias, serviços, afetos) apontam uma Clínica do Possível pautada no cuidado e no vínculo. Problematiza a polarização do debate das políticas sobre drogas, apostando na Redução de Danos como diretriz de um cuidado na perspectiva da superação dos ressentimentos comumente impregnados às práticas e discursos dessa área. Entre os resultados, a experimentação de uma produção coletiva que emerge na criação de um rap em meio ao processo investigativo, “dá um outro tom” às vivências e posições dos usuários, apontando à criação de novos territórios existenciais como alternativa às políticas públicas compromissadas com a produção de saúde.

Palavras-chave

Política Pública, Redução de Danos, Clínica Ampliada, Drogas

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Biografia do Autor

Loiva Maria De Boni Santos, Faculdades Integradas de Taquara

Mestre em Psicologia Social pelo Programa de Pós-Graduação do Instituto de Psicologia Social da UFRGS. Atualmente Coordenadora de Saúde Mental do Município de Farroupilha (RS), contratada pela Associação Farroupilhense Pró-Saúde. Prestou assessoria e Supervisão Clínico Institucional em Saúde Mental e Álcool e Drogas (2008-2011). Foi docente da Faculdade da Serra Gaúcha no Curso de Psicologia de 2008-2011 e Coordenadora da pós-graduação em Saúde Mental Coletiva 1ª e 2ª edição. Conselheira Presidente do Conselho Regional de Psicologia do RS - Gestão 2009 - 2010. Recebeu o troféu Profissional Destaque dos 50 anos da regulamentação da profissão de psicólogo no Brasil em 2012 pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul. Em 2011 recebeu da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul o título de Mulher Cidadã em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à mulher caxiense na categoria saúde. Graduada em Licenciatura e Formação em Psicologia pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (1992 - 1996). Pós-graduada em Psicologia Social Comunitária pela UNIPLAC - Universidade do Planalto Catarinense - Lages, SC. Especialização em Humanização da Atenção e da Gestão do SUS pela ESP/RS e Instituto de Psicologia da UFRGS - Experiência na área clínica, em Saúde Mental Coletiva, Saúde Pública e Álcool e outras Drogas, nas áreas da assistência, gestão, capacitação e assessoria.

Simone Mainieri Paulon, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Psicóloga (PUCRS) com mestrado em Educação (UFRGS) e doutorado em Psicologia Clínica (PUCSP) é professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na qual atua junto ao laboratório de políticas públicas do departamento de psicologia social e institucional, ao PPG de Psicologia Social, ao PPG de Saúde Coletiva e coordena grupo INTERVIRES Pesquisa-Intervenção em Políticas Públicas, Saúde Mental e Cuidado em Rede. Integra o grupo de trabalho "Políticas de subjetivação e Invenção do cotidiano" da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP) e lidera o diretório de pesquisas: Rede Interinstitucional de Pesquisas HumanizaSUS. Tem experiência na área de Psicologia e Saúde Coletiva, com ênfase em Intervenção Terapêutica e Saúde Mental.

Publicado

2015-11-03

Como Citar

De Boni Santos, L. M., & Paulon, S. M. (2015). Do trágico à clínica do possível no cuidado de usuários de drogas. Athenea Digital. Revista De Pensamiento E investigación Social, 15(3), 173–191. https://doi.org/10.5565/rev/athenea.1498

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