Lucía Santaella (2019) A pós-verdade é verdadeira ou falsa?. Estação das Letras e Cores. ISBN: 9788568552803
Em tempos de abertura e democratização do consumo de produtos, serviços e informações pela internet, a obra A pós-verdade é verdadeira ou falsa?, de Lucia Santaella, nos chama a atenção para os desafios da era da pós-verdade, dando visibilidade a três novas palavras – bolhas, notícias falsas e pós-verdade. A autora discute a complexidade da explosão digital que afeta todas as dimensões humanas e relações de interesses políticos e mercadológicos, apresentando um trabalho dividido em seis capítulos, abordando tais metamorfoses e tendências superficiais em suas inter-relações pessoais, culturais e sociais. A autora defende que uma das barreiras contra a invasão da pós-verdade é “abrir linhas de fuga da banalidade e dos clichês, [...] de mensagens midiáticas, produtos estereotipados de consumo simbólico que circulam pelos dispositivos de subjetivação”, por meio da sensibilidade das artes e da literatura (Santaella, 2019, p. 89).
No capítulo 1 é discutido O que as bolhas ocultam e o que são bolhas, retomando a historicidade da palavra que “foi cunhada pelo ativista da internet Eli Pariser por volta de 2010 e discutido no seu livro best seller com esse mesmo nome, em 2011”. (Santaella, 2019, p.13). Dada a aceleração temporal do mundo das redes, a autora desvela “o fato de que o Google personaliza o que cada usuário obtém como resposta às suas buscas. [Sendo] uma espécie de espelho unilateral que reflete tão só e apenas nossos próprios interesses, enquanto os algoritmos observam tudo o que clicamos”. (Santaella, 2019, pp. 13-14).
O problema disso, segundo as análises da autora, é que tal personalização feita por filtros de máquinas de buscas ou mídias sociais promove segregação ideológica, tendenciosidades e reverbera no coletivo, porque torna as pessoas vulneráveis a manipulações políticas, frequentemente a serviço de interesses unilaterais, com propagandas e fechamento dos usuários em bolhas de informações contra novas ideias e assuntos, estreitando visões de mundo. “A unilateralidade de uma visão acaba por gerar crenças fixas, amortecidas por hábitos inflexíveis de pensamento, que dão abrigo à formação de seitas cegas a tudo aquilo que está fora da bolha circundante”. (Santaella, 2019, p. 16). A invisibilidade de tais mecanismos empregados por poderosas companhias de tecnologia têm seu design destinado a retratar a própria bolha de desejos e crenças a que pertencemos. Trata-se de uma questão paradoxal, pois a retroalimentação de ideias cria um solo fértil para a polarização, as opiniões desinformadas, apáticas e radicais (Nyhan e Reifler, 2010; Portella, 2022). Quando recebemos informações que confirmam as nossas crenças automaticamente rejeitamos tudo o que rompe com nossos hábitos (de pensar diferente), criando nossas próprias bolhas para não mudar nossos modos de agir. “Esse tipo de exposição seletiva, em que as escolhas são tanto explícitas quanto implícitas, é alimentado pelas tendências homofílicas que fazem parte do funcionamento do psiquismo humano”. (Santaella, 2019, p. 17). Portanto, “a mente humana funciona por reconhecimento de padrões, sendo atraída por padrões já conhecidos em detrimento dos desconhecidos. Justo por isso, gasta-se muito menos esforço e energia mental diante da mesmidade do que diante da alteridade”. (Santaella, 2019, p. 18).
Diante disso, a autora traz pesquisas empíricas de Nikolov et al. (2015) que averiguaram, com algoritmos de mineração, o efetivo funcionamento das bolhas, alertando que “à medida que cresce o papel das mídias sociais na difusão de informações, há também um perigo crescente de reforço das bolhas de filtro. Isso se repete no caso do tráfico de notícias”. (Santaella, 2019, p. 20). Alerta ainda que notícias buscadas nas mídias sociais podem conter mais riscos de recair nas bolhas coletivas e no fortalecimento de preconceitos do que aquelas que usam os motores de busca à escolhas de informação. Embora haja um efeito democratizante destas buscas para expandir gostos musicais ou livros, elas também são classificadas por conteúdos parciais (de algoritmos, softwares e inteligência artificial) e baseadas na popularidade para fins mercadológicos. “Por exemplo, a maior fonte de fundos do YouTube vem da publicidade. Portanto, mesmo que os algoritmos de busca não favoreçam a formação de bolhas, na mesma proporção com que os compartilhamentos em rede o fazem, o problema aí apenas muda de figura”. (Santaella, 2019, p. 21). Nesse cenário, cabe ao sujeito avaliar os perigos disfarçados de informações e os benefícios dos conteúdos visitados, além da possibilidade que tem de bloquear os atributos de personificação ou apagar arquivos de buscas (tags e links). Para a autora, muito depende da compreensão, das formas de filtragem e aprendizagem do usuário, ou seja, de “uma formação educacional segura que o habilite a colocar seus preconceitos à prova”. (Santaella, 2019, p. 21).
Agora, cabe a nós reavaliar as bolhas filtradas da era digital, que funcionam como espelhos de nós mesmos, produzindo a impressão equivocada de que estamos corretos, “especialmente na política, campo sobre o qual recaem as maiores preocupações acerca das fake news (notícias falas)”, como forma de neutralizar a ansiedade e a instabilidade das informações (Santaella, 2019, p. 23). Sem dúvida, a proliferação de paisagens falsas e formatos regulatórios das mídias digitais provocam efeitos sensíveis na vida real, especialmente com receptores passivos, por isso, a autora defende a pesquisa em “educação para as mídias e nas mídias, um conceito dinâmico que envolve a busca e procedimentos adequados para os desafios tecnológicos, sociais, culturais e políticos que se apresentam e que não podem ser enfrentados com promessas mágicas e ingênuas”. (Santaella, 2019, p. 26). Os projetos, nesse sentido, precisam oferecer caminhos de pesquisa às novas gerações para que se tornem encorajadas a pensar criticamente acerca dos conteúdos e informações (injustas, visões extremistas, violências simbólicas e brincadeiras ofensivas), tornando-as “resilientes e empoderadas com as habilidades, o conhecimento e o suporte que as auxiliarão a navegar tão seguramente quanto possível. Essa é a tarefa da educação para e nas redes”, além de ser um problema e uma exigência para a vida em sociedade (Santaella, 2019, p. 27). A formação educacional para e nas redes depende também da sensibilidade e do “cuidado com a alteridade e a ética da curiosidade em relação às complexidades psíquicas e sociais que nos constituem como humanos”. (Santaella, 2019, p. 28).
O capítulo 2 trata A propagação de notícias falsas, enganadoras, que “visam influenciar as crenças das pessoas, manipulá-las politicamente ou causar confusões em prol de interesses escusos”. (Santaella, 2019, p. 29). A autora se vale de comentadores para chamar a atenção de que a falsidade das notícias é um fenômeno que existia desde os gregos (Morgan, 2018), assim como podemos exemplificar com a famosa pintura “A verdade saindo do poço”, de Jean-Léon Gérôme (1896), mas entrou em pauta recentemente com o histórico das notícias falsas produzidas e disseminadas para enganar em momentos históricos cruciais (Figueira e Santos, 2019).
O que difere agora é que tal consumo de informações, disseminação de falsas notícias e boatos são levados ao extremo e não passam por regulações ou padrões de avaliação externos às confusões do digital. “Links do Facebook e do Twitter se parecem uns aos outros, pois não são aquilatados com valoração diferenciada. Não há regras para a aceitabilidade do que se pensa e se fala quando as normas desvanecem. Foram erodidos os princípios” da conversação pela lógica dos caça-cliques (clickbaits), cuja mensagem emocional e persistente atrai mais curtidas do que o seu conteúdo (Santaella, 2019, p. 31). Assim, “o sensacional atrai o clique que atrai mais compartilhamentos. Quanto mais tráfico houver, tanto maior será a difusão do engano cujo modo de propagação é regido, sobretudo, pelo apelo emocional não filtrado pela razoabilidade do bom senso”. (Santaella, 2019, p. 32).
A propagação de fake news (NFs) como fonte para ganho financeiro é manipulada pela desinformação e desconfiança geral, que influencia a visão das pessoas sobre os fatos, causando confusão (des)interessada e servindo para alimentar projetos políticos. Embora as bolhas não são as causadoras das NFs, elas ajudam no seu processo de propagação. A autora refere que um pouco menos prejudiciais são os memes, “uma criação popular crivada de imaginação visual”, no entanto, podem converter o riso com a finalidade de criticar em pretexto sensacionalista para difundir preconceitos, crenças ou mentiras, tendo como slogan “um jornal isento de verdade”. (Santaella, 2019, p. 34). Há ainda nas redes a velocidade ímpar do jornalismo online com títulos e imagens apressadas que não permitem a verificação dos fatos, cuja potência propagadora tende a capturar as pessoas em bolhas que incubam seus próprios preconceitos lineares.
[...] a Federação Internacional das Associações e Instituições de Bibliotecária (IFLA) publicou algumas dicas para ajudar na identificação de NFs; (a) considerar a fonte da informação; (b) ler além do título; (c) checar se os autores existem e são confiáveis; (d) procurar fontes de apoio confirmadoras das notícias; (e) checar a data da publicação, se está atualizada; (f) questionar se não passa de uma piada; (g) revisar preconceitos afetando seus julgamentos; (g) consultar especialistas em busca de mais conhecimento sobre o assunto. (Santaella, 2019, p. 40).
O capítulo 3 gira em torno da seguinte questão: Uma era da pós-verdade? Começa a discussão mencionando a matéria de capa da revista britânica The Economist, de setembro de 2016, intitulada “Arte das mentiras: Política pós-verdade na era das mídias sociais”, descrevendo a avalanche de notícias falsas e disseminação de ficções tumultuosas na campanha eleitoral de Donald Trump e no plebiscito Brexit. Com a palavra pós-verdade (post-truth), a revista colocava em “evidência o cerne do que há de novo na política: a verdade já não é falseada ou contestada; tornou-se secundária”, pois a visão enganosa do mundo que visava convencer em outros tempos, agora dá lugar à política de reforçar preconceitos, uma pós-verdade política, geradora de uma apatia coletiva (Santaella, 2019, p. 47). Afinal de contas, os preconceitos se tornam altamente inflamados (política da pós-verdade) por denotarem “circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal”. (Santaella, 2019, p. 48). Nessas circunstâncias, o prefixo pós significa não só depois de um evento ou situação específica (como pós-guerra), mas corresponde a um tempo em que um conceito se tornou sem valor ou justificação (como pós-moderno e pós-digital). A autora provoca o leitor afirmando que “uma mentira dita uma única vez permanece como mentira, mas uma maneira repetida milhares de vezes torna-se verdade”, visto que a história ficcional falsa opera no marketing e na publicidade (Santaella, 2019, p. 50).
A descentralização da informação e as tendências propagandísticas ideológicas, sem compromisso com a verdade dos fatos, criam ainda o ceticismo generalizado e o sentimento de desconfiança do público em relação às instituições democráticas ou às divulgações do conhecimento científico, num clima de anti-intelectualismo e de pensamento anticientífico. A pensadora revela que em ecossistemas nebulosos “os ambientes cognitivos tornam-se de tal maneira confusos e caóticos que fica muito difícil lidar e, porventura, controlar a disseminação de pós-verdade cujo poder de proliferação aumenta em situações ultrapartidárias”. (Santaella, 2019, p. 52). Em situações em que a veracidade dos fatos é o que menos importa, provocando crises de valores e conversações polarizadas, é preciso desmascarar os véus de fumaça, os ambientes tóxicos, competitivos e a pulverização desses sites ou posts, averiguando os interesses que estão em jogo. Com base em resultados de estudos, defendemos que é preciso discutir para aprender na direção da compreensão dos multiletramentos digitais como meios, para manter viva a interação e o diálogo pedagógico permanente, em conjunto com as práticas sociais ao enfrentamento de comportamentos estanques na educação (Habowski e Conte, 2021).
Aponta que para se compreender minimamente de onde vêm as atuais controvérsias é preciso rever A estrutura das revoluções científicas, de Thomas Kuhn (2012), pois, antes de Kuhn, a ciência era concebida como reunião de fatos, teorias e métodos, “foi justamente contra essa visão linear e progressiva que a obra de Kuhn se insurgiu, produzindo uma verdadeira revolução historiografia da ciência”. (Santaella, 2019, p. 55). Esta tese desvelou que o avanço científico ocorre por mudanças de paradigmas (matriz disciplinar), novas questões e episódios não-cumulativos, nos quais as realizações científicas entram em questão e crise, sendo substituídas total ou parcialmente por outras. Parece que vivemos em um período no qual os fatos não existem em si, mas são construídos por comunidades desconfiadas dos cientistas. O debate traz uma entrevista recente sobre o tema com Bruno Latour afirmando “que é preciso reganhar a autoridade da ciência. Na situação atual, os cientistas devem reaver sua respeitabilidade [e], isso ainda implica apresentar a ciência em ação”, para não recairmos em incertezas e máscaras de que todos perseguem o poder, inclusive a ciência como campo da produção de conhecimento (Santaella, 2019, p. 58). “Contra isso, a ciência deve usar de modo confortável conceitos como verdade, fatos, a realidade lá fora e a aceitação de que a avaliação de reivindicações do conhecimento deve necessariamente implicar julgamentos normativos”, fortalecendo a ideia de que a ciência é necessária para a política democrática contemporânea (Santaella, 2019, p. 60).
O capítulo 4 aborda A reivindicação da verdade no jornalismo, diante da torrente de notícias enganadoras de conteúdos maliciosos (disinformation), justamente para enfrentar a ingenuidade daqueles que as sustentam. Contudo, está se tornando cada vez mais difícil distinguir entre fato e opinião nas redes sociais com uma lógica semiótica em intercursos comunicacionais, vaguezas e indeterminações que derivam do real com uma mutabilidade constante. “Mas a linguagem só funciona como tal quando encontra um intérprete responsável por um ato interpretativo que instaura uma relação comunicativa”. (Santaella, 2019, p. 68).
O capítulo 5 - A verdade fatual e o jornalismo inicia com a questão da verdade por dois eixos principais (a verdade racional e factual; a verdade e opinião), da obra “Verdade e política”, de Hannah Arendt (2005). Arendt quer descobrir os danos que o poder político é capaz de infligir à verdade racional - produzida pela mente humana na matemática, ciência, filosofia, arte e literatura, e à verdade factual, “que está mais sujeita aos assédios do poder”, como o jornalismo. (Santaella, 2019, p. 71). Arendt sequer imaginou a que ponto a mentira organizada entraria em pauta hoje, com as redes sociais em conexão atuando contra a verdade factual. “Mas afinal, o que é verdade factual? Podem os fatos existirem independentes da intepretação e da opinião? Arendt está ciente da impossibilidade da determinação dos fatos sem interpretação”, daí a tarefa do jornalismo é de trazê-los à luz por meio de interpretações (Santaella, 2019, p. 73).
Na verdade, quanto mais complexos os fatos mais eles podem ser manipulados até se converterem em mentiras e distorções. “Para Arendt, os fatos são contingentes porque poderiam sempre ter sido diferentes. Mas, uma vez dada a ocorrência, trata-se de fait accompli (fato consumado). Não há como mudar o passado a bel prazer a não ser pela mentira ou pelas falhas da memória”, mas a verdade dos fatos deve ser buscada sempre (Santaella, 2019, p. 74). Quando o discurso do jornalismo ignora, desrespeita e distorce a checagem dos fatos, entramos, sem dúvida, no universo da pós-verdade. Nisso, o pragmaticismo de Peirce em conjunção com a argumentação de Arendt, ilustram que “o significado dos conceitos intelectuais corresponde aos efeitos sensíveis, ou seja, às marcas que deixam na realidade, no longo curso do tempo. Por isso, para ele [Pierce], a essência da verdade consiste em sua resistência a ser ignorada”. (Santaella, 2019, p. 76-77). A autora problematiza que a verdade factual hoje é mais vulnerável a falsificações e manipulações do que a verdade racional, isso porque, poder e fatos convivem no mesmo domínio da realidade e do registro ou não dos fatos. Os conflitos, oposições e complementaridades entre jornalismo e política estão sendo levadas e dissolvidas em bolhas e fake news, “em prol da disseminação de crenças enrijecidas por ideias fixas e inflexíveis, trabalham para minar a confiabilidade de quaisquer fontes de registros e transmissão da efetiva ocorrência dos fatos”. (Santaella, 2019, p. 80).
No último capítulo denominado Outras verdades, a autora retoma Hannah Arendt para arrebatar o leitor reafirmando que “entre os modos existenciais de dizer a verdade sobrelevam-se a solidão do filósofo, o isolamento do cientista e do artista, a imparcialidade do historiador e do juiz e a independência do descobridor de fatos, da testemunha e do relator”. (Santaella, 2019, p. 81). Tudo isso para mostrar que de uma forma ou de outra, nos contextos da ciência, da filosofia e da arte, somos responsabilizados a nos justificar pela verdade dos fatos, por métodos e formas de conhecimento estabelecidas epistemologicamente. “Não há dúvida de que existem pseudociências, isto é, procedimentos, discursos e crenças que pretendem se fazer passar por ciência, [ou] invasões no território da ciência, como aquelas que se dão em práticas ilegítimas de publicação e confiabilidade da produção”, assim como surgem investigações com resultados maquiados e produtivismos. (Santaella, 2019, p. 83-84). A autora deixa claro que as ondas da pós-verdade não estão deixando ilesas as áreas humanas, atingindo, questões científicas com falsas crenças tais como do terraplanismo e do criacionismo. Entretanto, justifica que tais crenças não “atingem o fazer da ciência para o qual não cabe a pecha de pós-verdade. Por que não? Pelo simples fato de que a ciência não trabalha com verdades indiscutíveis, mas discutíveis”, provisórias e passíveis de revisão, porque alimentadas na reflexão, linguagens, estudos, contradições, diálogos sensíveis acerca da realidade e em confronto com o outro. (Santaella, 2019, p. 84).
A autora desenvolve um trabalho sensível e nos convida à reflexão sobre questões contemporâneas da pós-verdade em meio à indeterminação e ambiguidades dos fenômenos da linguagem na cultura virtual, projetando a necessidade de regeneração da sensibilidade, da arte de educar, da literatura, da música e da poesia, para criar condições de possibilidade a um olhar (auto)crítico frente às novas manifestações fantasiosas. A autora discute à luz da questão da pós-verdade que a educação é a melhor barreira de proteção das bolhas, falsificações de notícias e para outras formas de ignorância e apatia social, porque busca em seus princípios culturais a veracidade dos fatos e conhecimentos. A obra contribui com o alerta aos sujeitos à cega disseminação de preconceitos e violências, para que os processos educativos sirvam ao discernimento crítico e para orientar as escolhas por meio de diferentes leituras do mundo coletivo, em diálogo abertos com as tradições democráticas. Um sentido posto em palavras requer a produção da intersubjetividade mesmo em condições transitórias, para promover a pluralização e a individualização de formas e estilos de vida ao mesmo tempo. Como bem pontua Habermas (1990, p. 177), “quanto mais discursos, tanto maior a contradição e a diferença”.
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Santaella, Lucia (2019). A Pós-Verdade é Verdadeira ou Falsa? Barueri, SP: Estação das Letras e Cores.