A escrita narrativa e a emergência das vozes sociais: uma aposta para a valorização da alteridade no (con)texto das ciências humanas e sociais

Narrative writing and the emergence of speech voices: a bet for otherness in the (con)text of humanities and social sciences

  • Mário Henrique da Mata Martins
Defendemos a escrita narrativa de caráter polifônico como condição de possibilidade para a expressão do outro no (con)texto da pesquisa em ciências humanas e sociais e como posicionamento filosófico e epistemológico de caráter crítico e reflexivo que considera os interlocutores como co-construtores do conhecimento. Essa proposta visa valorizar a alteridade no texto científico explicitando sua importância. A discussão é fundamentada no referencial teórico metodológico das Práticas Discursivas e Produção de Sentidos que se pauta no Construcionismo Social.
    Palavras chave:
  • Narrativa
  • Texto
  • Ciências Humanas e sociais
  • Alteridade
We defend narrative-polyphonic writing as a condition of possibility for the expression of another in (con)texts of research in the humanities and social sciences and also as an epistemological and philosophical positioning with a critical and reflexive character for considering the interlocutors as co-builders of knowledge. This proposal intends to valorize otherness in scientific text. The discussion is grounded in theoretical-methodological field of Discursive Practices and Production of Senses that hinges on Social Constructionism.
    Keywords:
  • Narrative
  • Text
  • Humanities
  • Otherness

1 Introdução1

Nosso objetivo com esse artigo é argumentar em favor de uma flexibilização dos modelos de escrita científica que tendem a obliterar as vozes dos interlocutores da pesquisa em ciências humanas e sociais. Partimos dos pressupostos de que todo texto científico é produto de uma co-construção entre os interlocutores da pesquisa e o pesquisador e que os princípios éticos, filosóficos e epistemológicos que o norteiam durante o processo são fundamentais para compreender as formas como essas vozes são evidenciadas no seu texto final. Apostamos na escrita narrativa de caráter polifônico como possibilidade de expressar a multiplicidade de vozes do texto científico.

Para problematizar as formas como as vozes dos interlocutores da pesquisa são expressas no texto científico, faz-se necessário repensar antigos dilemas, como a relação pesquisador e interlocutor e os modos de participação possíveis durante a própria pesquisa. Compreendemos que todo conhecimento é uma construção social que implica o outro como participante ativo: o interlocutor é uma parte indispensável do processo e não apenas um contribuinte. Dessa forma, o conhecimento só pode existir enquanto uma co-construção entre o eu do pesquisador e o outro dos interlocutores (M. J. Spink, 2004).

Tendo isso em vista, consideramos que a produção do conhecimento é eminentemente dialógica. A forma como o texto escrito expressará essa dialogicidade, entretanto, não é de todo natural. A escrita é uma forma de posicionamento do autor em dado campo discursivo e indica a perspectiva filosófica e epistemológica na qual ele se fundamenta. Ela evidencia os pressupostos ético-dialógicos que orientam a produção do conhecimento, visibilizando o processo de construção da pesquisa e as dinâmicas entre o pesquisador e seus interlocutores (Ribeiro, 2003). Logo, para a produção de um texto científico que vise ao diálogo com os interlocutores, faz-se necessário pensar nos pressupostos que orientam a pesquisa e na forma em que esses interlocutores dela participam.

A forma em que a participação dos interlocutores é encaminhada durante a pesquisa é um importante fator que influenciará no modo em que suas vozes aparecerão no texto final. Um marco em relação à questão dos modos de participação em pesquisa científica ocorreu com a publicação de Action Research and Minority Problems do psicólogo social Kurt Lewin, em 1946. Com esse texto, o autor cunhou o termo pesquisa-ação, estabelecendo uma forma de pesquisa em que se transcendia a lógica hierarquizada entre pesquisador e interlocutores.

Neste trabalho, Lewin apresenta um treinamento que realizou com agentes comunitários do campo das relações intergrupais de todo o estado de Connecticut, nos Estados Unidos, com o objetivo de compartilhar e buscar soluções para os problemas que encontravam em suas comunidades, problemas estes relacionados às minorias sociais. A participação foi o principal ponto de discussão do autor, que ficara impressionado com os encontros de avaliação, cujo objetivo inicial era o registro científico. De acordo com suas observações, os encontros transcenderam esse objetivo e alcançaram uma forma de “objetividade descontraída”, onde os participantes não se sentiam reprimidos a falar de seus erros e dos problemas que enfrentavam, buscando mutuamente soluções.

Nesse sentido, a sistematização desses encontros apresenta uma proposta de pesquisa que se diferencia da rigidez clássica e relação vertical entre o pesquisador e seus interlocutores. As vozes dos interlocutores ao serem devidamente consideradas pelo pesquisador apresentam uma pluralidade de possibilidades para a solução de problemas e para a efetividade da pesquisa (Lewin, 1946).

Além de se fazer necessário considerar os procedimentos da pesquisa, é ainda relevante refletir sobre o lugar do autor na sua produção. Gilbert e Mulkay corroboram com essa discussão no livro intitulado Opening Pandora’s Box, originalmente publicado em 1984. Os autores têm como objetivo refletir sobre as diversas questões e crenças que emergem nos trabalhos científicos, mas que são ignorados, suprimidos ou esquecidos em prol da produção de um conhecimento unitário. Nessa lógica não há espaço para a multiplicidade em função de uma análise irrefletida dos analistas em busca da história comum do estudo. Segundo os autores,

Muitas análises sociológicas são dominadas pela voz autoral do sociólogo. Os participantes podem falar através do autor somente quando eles parecem endossar sua estória. A maioria das pesquisas sociológicas reportadas são, nesse sentido, univocais. Nós acreditamos que essa forma de apresentação deturpa grosseiramente o discurso dos participantes. Isso não é somente porque diferentes atores às vezes contam diferentes estórias, mas também porque cada ator tem muitas vozes diferentes (Gilbert y Mulkay, 1984/2003, p. 2. Tradução Nossa).

Por essa razão, os autores defendem que os pesquisadores desenvolvam uma sensibilidade para as amplas possibilidades de variabilidade interpretativa existentes entre os participantes da pesquisa a fim de compreender as razões da produção de tantas versões diferentes dos eventos e não apenas a sua estória.

Logo, se assumimos um posicionamento crítico e reflexivo nas ciências humanas e sociais, é necessário que os pressupostos filosóficos, epistemológicos e metodológicos que orientam nosso trabalho sejam condizentes com essa postura e que nosso modelo de escrita não se fixe no autor como único constituinte da pesquisa e nem como único falante do texto. Para a emergência da alteridade, é importante considerar como se produz o texto, com que finalidade e sob que pressupostos.

Por essa razão, defendemos uma forma de produção textual que deixe clara essa relação estrita com a alteridade como constituinte da pesquisa, e em conseqüência, do próprio texto. Como alternativa ao modelo univocal e reducionista defendemos a escrita narrativa de caráter polifônico como posicionamento crítico e reflexivo possível nas ciências humanas e sociais que possibilita a expressão da multiplicidade de vozes dos outros.

Para sustentar esse argumento nos apoiamos no referencial teórico-metodológico das Práticas Discursivas e Produção de Sentidos (M. J. Spink & Frezza, 1999; M. J. Spink & Medrado, 1999) que se pauta no Construcionismo Social (Gergen, 1985; Ibañez; 2004). Esse referencial considera a linguagem como ação, cujo caráter é eminentemente dialógico, ou seja, produzida no interstício entre o eu e o outro. O autor de referência para essa discussão é Bakhtin e dialogamos também com alguns de seus comentadores e outros interlocutores.

Optamos por utilizar a primeira pessoa do plural como estratégia para visibilizar as vozes dos autores com os quais estabelecemos articulações. Considerar a existência dos autores como falantes e co-construtores desse artigo se apresenta como fundamental para alinharmo-nos aos argumentos que sustentamos e ao referencial teórico que nos orienta. A narratividade do texto está presente na participação dessas múltiplas vozes.

2 O texto em contexto: a produção de sentidos sobre o termo

O que é um texto? Esta pergunta sem dúvida alguma é de difícil resposta. Não queremos reduzir sua complexidade com uma definição fixa e pré-determinada, mas ao mesmo tempo não conseguimos prosseguir sem o mínimo de coesão conceitual. Por essa razão, a idéia que vamos desenvolver visa apresentar subsídios básicos para compreender o texto e a importância do outro em sua produção, mas não lhe delimita um modelo formal.

O primeiro movimento a que nos propomos é aquele o qual menos transparece na explicitação de um determinado conceito ou idéia, principalmente nos textos científicos, mas que em nosso cotidiano é uma prática corriqueira: a consulta a um dicionário. O dicionário é um conjunto de verbetes, palavras cristalizadas pelo uso no tempo e cuja brevidade da definição é eficaz para compreendermos o significado compartilhado de determinada locução.

De acordo com o Dicionário de Língua Portuguesa Houaiss, o vocábulo texto é definido como “o conjunto das palavras de um autor, em livro, folheto, documento etc. (...); redação original de qualquer obra escrita; conjunto de palavras citadas para provar alguma idéia ou doutrina; trecho ou fragmento de obra de um autor” (Houaiss, Villar & Franco, 2001). Atentemos que na definição do termo, o texto é compreendido como um produto: ele é um conjunto de palavras com autoria identificada, forma, conteúdo potencialmente original e finalidade discursiva. Além disso, ele não existe fora das relações sociais como um dado aleatório: ele tem um autor-produtor e interlocutores que o utilizam para defender argumentos, provar idéias e doutrinas. O texto é, ele próprio, um produto da interação entre seres humanos.

E o que implica ser produto? A constituição do texto é processual, ou seja, não é espontânea ou natural: ela é parte de uma intricada construção. A etimologia da palavra nos possibilita compreender melhor essa questão. Texto é um termo que provém do latim textus, equivalente a narrativa. A textus se associam palavras como tecer, tecelagem, entrançar, entrelaçar, construir sobrepondo ou entrelaçando. Essa informação é interessante, pois caracteriza outra dimensão do texto que não a do produto, mas a da produção: o texto é aquilo que articula, que sobrepõe fio a fio, que tece a rede de enunciados imbricados uns nos outros. É nesse sentido que afirmamos que o texto é um processo eminentemente dialógico.

Outra característica importante do texto são os efeitos que ele produz sobre seus leitores e demais componentes da rede discursiva. Defendemos a idéia de que falar é ação (M.J.Spink & Frezza, 1999), logo em cada novo texto evidenciamos um reposicionamento dos interlocutores no diálogo. Se o texto aciona as pessoas a se posicionarem em relação a ele, então é possível afirmar que as descrições e explicações do mundo que este texto produz constituem elas mesmas formas de ação social (Gergen, 1985). O texto é além de tudo um produtor de novos textos a partir desse processo de posicionamento do outro no campo discursivo.

São essas três dimensões do texto – como produto, processo e produtor – que serão fundamentais para compreender a noção de texto como enunciado na filosofia da linguagem de Bakhtin.

O filósofo russo Mikhail Bakhtin foi figura de fulcral importância para o giro lingüístico (ou virada lingüística), no qual a linguagem passou a ocupar um lugar central nos estudos científicos com forte enfoque nos aspectos social, cultural e histórico (Faraco, 2003; Ibañez, 2004). Este autor nos propõe compreender o texto enquanto um enunciado único e particular associado a uma longa cadeia discursiva de outros enunciados. Sua concepção de texto nos auxilia a entender o lugar do outro em sua produção.

Segundo Bakhtin o enunciado é a unidade básica da comunicação verbal; é ele que estrutura os modos de comunicação entre os humanos e possibilita a construção de sentidos sobre a realidade. O enunciado é individual, produzido por um locutor singular na dinâmica de uma relação social delimitada em um contexto histórico-cultural específico. Embora individual, o enunciado só pode existir como parte integrante da cadeia discursiva, articulado a outros enunciados que o sustentam ou que são por ele produzidos. Ele não propõe apenas novos sentidos quando pronunciado, mas responde a enunciados anteriores, proferidos pelo próprio locutor e por outros, e assimilados por ele em sua trajetória de vida. É nesse sentido que Bakhtin afirma que “cada enunciado é um elo na corrente complexamente organizada de outros enunciados” (Bakhtin, 1952-1953/2010, p. 272).

Esse autor afirma ainda que as fronteiras do enunciado são definidas pela alternância dos sujeitos do discurso. Isso ocorre quando, no instante da comunicação verbal, o locutor diz tudo o que tinha para dizer naquele referido momento e cede a palavra ao seu interlocutor, assumindo imediatamente a posição de compreensão responsiva (Bakhtin, 1952-1953/2010). Dessa forma, pode-se compreender que o enunciado reivindica a intersubjetividade (Amorim, 2002; M.J Spink, 2004) como condição de possibilidade para o exercício da linguagem: sem ela, a comunicação inexiste.

A intersubjetividade só pode existir, em conseqüência, na lógica da alteridade. A relação entre o eu e o outro discursivo é fundamental para todo e qualquer processo dialógico. Quando enunciamos, projetamos um interlocutor (seja ele físico – o outro concreto participante direto do diálogo - ou potencial – presentificado através do diálogo) e comunicamos a ele aquilo que construímos. Esperamos, por sua vez, que ele construa algo a partir do nosso enunciado e apresente uma reformulação daquilo, seja no presente momento do diálogo ou reverberado posteriormente. No texto escrito, o mesmo ocorre: esperamos do leitor que fazemos presente na obra um pronunciamento de natureza discursiva que faça reverberar aquilo que dissemos sobre determinado objeto. Essa intenção e esse dialogismo podem ser melhor compreendidos se pensarmos em duas idéias importantes de Bakhtin: a noção de endereçamento e de vozes sociais (M.J.Spink & Menegon, 2004).

De acordo com Bakhtin (1952-1953/2010) o enunciado possui um autor e um destinatário. O destinatário é aquele para quem o discurso é endereçado: para quem ele fora produzido e para quem o autor intenta direcioná-lo. Isso significa que, nem sempre, o enunciado é endereçado àquele interlocutor que participa diretamente do diálogo. Nesse sentido, é possível endereçar o enunciado para uma instituição, um conjunto de especialistas ou uma pessoa indefinida, sem que elas estejam necessariamente presentes no momento da enunciação: o autor presentifica-os através da intenção que atravessa a construção do seu enunciado. Dessa forma, traz para a discussão outros interlocutores a fim de enriquecer, fortalecer ou legitimar seus argumentos. O texto escrito, como esse artigo, por exemplo, não tem um interlocutor presente no momento de sua produção, mas sim, presentificado através do endereçamento do locutor (o autor).

A noção de vozes sociais ocupa um lugar igualmente importante nos trabalhos de Bakhtin e contribui para compreendermos a alteridade no texto. Essa noção emerge associada à análise crítico-literária da poética de Dostoiévski, cuja obra contribuiu com a construção bakhtiniana da idéia de novela polifônica. Segundo Bakhtin, é possível identificar no texto de Dostoiévski diálogos historicamente datados e sua representação na fala de um autor que os condensa, confronta e atribui-lhes novos significados. A possibilidade de produzir novos enunciados a partir da multiplicidade de pontos de vista sobre determinados fenômenos, que são atualizadas no momento da enunciação de um único sujeito, implica dizer que diferentes vozes perpassam os contextos sociais; que aquilo que é dito possui uma raiz sócio-histórica, e que, através do discurso, essas vozes se atualizam (Bakhtin, 1895-1975/2010).

Ambos os conceitos trazem como pressuposto a existência de outros interlocutores no processo dialógico, sejam eles presentificados no momento em que direcionamos nossos enunciados (endereçamento) ou resgatados e atualizados no momento em que recorremos a outros enunciados para subsidiar a nossa enunciação (vozes sociais). Isso é importante para compreendermos a construção do texto. Se levarmos em consideração que o texto é produto, processo e produtor de outros textos, que está vinculado às interações sociais, que o ser humano produz texto e que esse texto exige o outro como condição de possibilidade para existir, então podemos assumir que sem linguagem, sem enunciado, não há texto.

Sem o texto, o homem é reduzido ao seu organismo, ao conjunto anatomo-fisiológico das funções corpóreas característica dos estudos em ciências naturais (Bakhtin, 1959-1961/2010). Quando produzimos enunciados estamos produzindo texto: todo e qualquer texto sem enunciado na realidade não existe. Acrescentamos a isso que, sem o outro, participante direto ou indireto do diálogo, também não há texto pois “o texto só tem vida contatando com outro texto (contexto). Só no ponto desse contato de textos eclode a luz que ilumina retrospectiva e prospectivamente, iniciando dado texto no diálogo” (Bakhtin, 1974/2010, p. 401).

Apresentadas as diversas posições do texto nos campos do verbete técnico, da etimologia do termo e da filosofia da linguagem bakhtiniana, gostaríamos de caracterizar o enfoque que daremos a ele nesse artigo. Conforme explicitado, o texto só pode ser compreendido com o outro em relação. Logo, podemos identificar no texto a presença de inúmeras vozes que se manifestam. Mas essas vozes se manifestam de modo igual em todos os campos da atividade humana? Em outras palavras, o texto escrito de natureza filosófica, literária ou científica possui a mesma forma de apresentar essas vozes? Tomemos como exemplo as ciências, mais especificamente as ciências humanas e sociais, todas elas apresentam de igual maneira essas vozes em seu discurso? Partimos de uma análise das formas de escrita etnográfica apresentadas por James Clifford para discutir a emergência das vozes sociais no texto das ciências humanas e sociais e evidenciar nelas o tratamento e o lugar do outro como interlocutor.

3 Os diferentes estilos de texto escrito

De acordo com Amorim (2002) “toda a escrita é um acontecimento: acontecimento do encontro com um objeto cujo caráter de alteridade não deixa nenhuma margem de previsibilidade ou de controle por parte do autor” (Amorim, 2002, p. 8). Isso significa dizer que no processo de escrita de um texto não é possível prever ou controlar o objeto de estudo, pois ele está inserido no contexto dialógico que implica o outro como constituinte desse objeto. O outro no texto é incontrolável.

Nesse sentido, toda a escrita é necessariamente dialógica, o interstício entre eu e o outro, não havendo espaço para o monólogo (Bakhtin, 1952-1953/2010). O monólogo só pode ser compreendido enquanto a tentativa de silenciamento da multiplicidade de vozes de um texto com uma finalidade particular, especificamente a ordem de discurso fundadora, que busca originar outros discursos. Esse silenciamento, entretanto, nunca pode ser total; o texto apenas tende a exercê-lo com maior ou menor força, pois não se podem controlar os sentidos produzidos pelo outro do texto (Bakhtin, 1974/2010).

Essa presença evidente do outro nem sempre é esclarecida no processo de produção dos textos científicos. As ciências humanas e sociais ainda mantêm em algumas de suas disciplinas características herdadas das ciências naturais, de um momento histórico em que fazer Ciência foi sinônimo de neutralidade, exatidão e rigidez. Nesse discurso das ciências naturais busca-se evitar os denominados horrores metodológicos como a indexicalidade, a inconclusividade e a reflexividade (M.J.Spink & Menegon, 1999). Essa herança pode ser evidenciada claramente nos diferentes modelos de escrita científica da área. A fim de se afirmarem como Ciência diversas áreas buscaram adequar-se ao estilo monologizador das ciências naturais, explicitando as formas e o desenvolvimento da pesquisa como se ela fosse produzida sem a participação de nenhum humano: apenas o pesquisador neutro e os seus objetos falantes. O quê e como eles falavam, a intenção do pesquisador, seus valores e opiniões, não transpareciam no modo como essa escrita apresentava-se nas produções textuais: o contexto dialógico era obliterado.

Toda disciplina se constitui a partir do posicionamento e reposicionamento de textos no campo discursivo, sobre o qual se organizam pensamentos, argumentos, críticas. Cada uma delas produz diferentes formas de apresentar no texto, principalmente no texto escrito, sua produção. Mas se dentro de cada campo de saber existe uma pluralidade de escritas, como é possível definir o outro em cada uma delas e como posicionar-se criticamente frente à pluralidade? Para responder a essa questão, partimos de uma análise de cinco diferentes tipos de escrita que podem ser hoje categorizadas nas ciências humanas e sociais: a escrita neutralizante, experiencial, interpretativa, discursiva e polifônica (ou narrativa). Fundamentamos nossa discussão no trabalho de James Clifford (1998) sobre a autoridade etnográfica conferida pelo texto, mas compreendemos que os diferentes modos de produção escrita textual que ele apresenta referentes à etnografia também são recorrentes em outros campos. Por essa razão ampliamos suas definições para essa área de modo geral, mas deixamos claro que cada diferente campo do saber se apropria de forma única desses estilos.

A escrita neutralizante é o tipo de escrita que busca objetificar completamente o sujeito do discurso e o pesquisador. Isso significa dizer que ambos são dados de realidade pré-definidos e imutáveis. Fundamenta-se em pressupostos da ciência positivista e do iluminismo e é comumente utilizada em vertentes das ciências humanas e sociais que buscam legitimidade a partir de uma incorporação direta do discurso das hard sciences (a física, a química e as engenharias, por exemplo). Geralmente é caracterizada pela impessoalidade no texto evidentemente destacada: a presença do outro discursivo, ou seja, as vozes do discurso, tendem a ser ao máximo obliteradas, pois o que tem legitimidade não é a posição do pesquisador ou o discurso do “pesquisado” mas a correta seqüência do protocolo com vistas à confirmação ou negação da hipótese. Esse modelo evidentemente positivista pode parecer incongruente com os estudos na área de ciências humanas e sociais, mas ainda se faz presente e representa um grupo significativo de pesquisadores.

Outra forma de escrita comum nas ciências humanas e sociais é a escrita experiencial. É o tipo de escrita que se fundamenta na experiência de campo do pesquisador com os seus interlocutores. Aquilo que se apresenta no texto seria uma experiência compartilhada do pesquisador no campo de pesquisa com seus interlocutores ou, no caso do etnógrafo, com seu “povo”. Entretanto, de acordo com James Clifford, a experiência vem se caracterizando como uma estratégia de confirmação da autoridade etnográfica em função da ausência de critérios claros para sua definição: como cada qual tem sua concepção de experiência e cada experiência é singular, a fala de cada pesquisador sobre seu objeto de estudo é igualmente válida. Ainda segundo o autor, o modo como se fala da experiência com o outro é na verdade uma forma do pesquisador falar sobre a sua própria experiência, o campo de pesquisa “quando concebido como uma criação da experiência, é subjetivo, não dialógico ou intersubjetivo” (Clifford, 1998, p. 38). Nesse sentido, a escrita experiencial não é construída com o outro, mas a partir da concepção do pesquisador sobre o outro. Sua diferença da escrita neutralizante é que nesse ponto o pesquisador é agente do discurso, mas ele finda por ser o único falante do texto.

A escrita interpretativa emerge como alternativa à escrita de caráter experiencial, hoje compreendida como ingênua pela maioria dos etnógrafos. Segundo este posicionamento a interpretação se fundamenta na leitura textual dos acontecimentos de campo. Esses acontecimentos ao serem interpretados tomam a forma de uma tipificação a partir da sinédoque: a parte é tida pelo todo, há uma generalização do fenômeno. Um determinado fenômeno deixa de ser compreendido como produção de um autor ou ator singular e passa a ser considerado como constitutivo de um grupo (Clifford, 1998).

Esse mesmo fenômeno é semelhante ao que Bakhtin denomina de monologização. Sobre a monologização, Bakhtin afirma que “a consciência criadora monologizada une e personifica frequentemente as palavras do outro, tornadas vozes alheias anônimas, em símbolos especiais” (Bakhtin, 1974/2010, p. 403). Esses símbolos especiais é que ganham autoridade no campo discursivo e produzem efeitos de verdade, o que torna esse processo interessante para se pensar a produção do conhecimento científico. As multiplicidades de vozes do texto são simbolizadas por uma voz - “a voz do povo”, “a voz do estudante”, “a voz da cultura” – que ganham status de autoridade. Apesar de afirmar-se como uma estratégia para a legitimação do discurso nas ciências humanas e sociais, a escrita interpretativa filtra conteúdos e sentidos produzidos durante o processo de pesquisa, ou seja, esse processo “é separado dos textos que ele gera e do mundo fictício que lhes cabe evocar. (...) Os aspectos dialógicos, situacionais, da interpretação etnográfica tendem a ser banidos do texto representativo final” (Clifford, 1998, p. 42). Ela ainda descarta os contextos dialógicos em que se produz o conhecimento acerca de determinado fenômeno, valorizando a possibilidade de generalização em detrimento da especificidade de cada situação particular. O outro aparece no texto sob a forma de uma generalização que lhe oculta ou oblitera características específicas: uma representação relativamente uniforme. Como não se evidenciam de modo claro as relações dialógicas, a interpretação do texto tende à monologização do discurso do outro.

Outra proposta abordada por Clifford é a escrita discursiva. Segundo ele, a escrita discursiva enfoca a intersubjetividade e o contexto imediato das relações dialógicas do eu e do outro. As formas de escrita nessa perspectiva tendem a enfocar os modos como se apresentam os contextos do estudo e as situações de interlocução. É frequentemente colocada como um diálogo em andamento. Essa relação permite que as vozes dos autores-interlocutores sejam evidenciadas de modo claro durante todo o texto. Apesar do diálogo, a crítica feita a esse estilo é de que essas vozes permanecem em um modelo representacional. Há uma constante referência ao etnógrafo, compreendido aqui como pesquisador do âmbito das ciências humanas e sociais, como o representante de sua cultura e o interlocutor como representante de outra cultura. “Tal retrato restabelece a autoridade interpretativa fundada na sinédoque, através do qual o etnógrafo lê o texto em relação ao contexto, constituindo, desse modo, um ‘outro’ mundo significativo” (Clifford, 1998, p. 46).

Dessa forma, se avança nos modos de apresentar o outro no texto científico, mas o outro nesse tipo de escrita ainda corre o risco de ser reduzido à sua representação aos olhos do pesquisador. Isso depende muito de como o pesquisador se posicionará e posicionará o outro dialógico no texto e dos pressupostos que o orientam.

Por fim, Clifford nos apresenta o estilo polifônico de escrita. Esse estilo se aproxima do que denominamos estilo narrativo de escrita. Por essa razão referimo-nos a ele como estilo narrativo de caráter polifônico a fim de situar a nossa conceituação de narratividade diante da diversidade de propostas existentes (Harré & Brockmeier, 2003).

Esse estilo de escrita propõe que a pesquisa seja compreendida como uma negociação em andamento. Negociação de sentidos, de posicionamentos, de regras e procedimentos entre o pesquisador e os interlocutores. Ela é fundamentada na ética dialógica que considera a competência ética dos envolvidos, a possibilidade de estabelecimento de parcerias e de uma relação de confiança entre o pesquisador e os interlocutores, uma busca pelas relações de poder horizontais e a garantia do anonimato como condição de possibilidade para o desenvolvimento da pesquisa (M.J.Spink, 2000).

O foco da discussão sobre a escrita narrativa de caráter polifônico em Clifford é a questão da autoria do texto científico, pois, como etnógrafo, ele apresenta o problema de quem é o autor das anotações de campo, quando muito do que se diz no texto científico é uma reformulação daquilo que o interlocutor havia mencionado, ou às vezes, uma citação direta dessa fala. Nas ciências humanas e sociais a citação de autores é comum, seja de maneira direta ou indireta, mas quando tratamos de pessoas entrevistadas, interlocutores diretos da pesquisa, eles podem também ser considerados autores daquele texto. Não se questiona aqui o caráter criador do pesquisador-autor, mas quais a possibilidades de posicionar a voz desse interlocutor no texto e manter a autoria do seu discurso.

O próprio Clifford menciona como exemplificação de uma forma de escrita polifônica o romance polifônico em Dostoiévski, foco de estudo de Bakhtin. Ele apresenta que o estilo de Dostoiévski como uma “arena carnavalesca de diversidade” em que a “complexidade discursiva pode ser acomodada” (Clifford, 1998, p. 50). Essa possibilidade de acomodar as diferentes vozes no texto é convidativa e, apesar de não ser privada de dificuldades, é uma alternativa interessante ao representacionismo no qual pode redundar a escrita discursiva. A diferença é que essas falas não são falas de personagens mas de informantes, indivíduos reais com nomes próprios reais que podem ser citados.

A proposta de uma colcha de retalhos de citações, em que as falas dos interlocutores é apresentada toda no contexto do diálogo com o pesquisador é também assaz interessante, entretanto rara. Nesse contexto o pesquisador é mais um organizador que co-produz a partir da seleção e sistematização dos relatos devidamente referenciados e os outros co-autores são seus interlocutores. A produção do texto escrito conjuntamente com os interlocutores é outra alternativa que além de abranger a autoria do texto para além do pesquisador, possibilita um empoderamento e reconhecimento do outro como seu co-construtor, mantendo sua legitimidade (Clifford, 1998).

Outra forma de trabalho interessante foi apresentada por Oscar Lewis, em 1961, em sua reconhecida obra Los hijos de Sanchez. No texto, Lewis apresenta o relato taquigrafado de membros de uma família do México. No texto de Lewis é clara a colocação de que quem fala não é um autor, mas a própria família Sánchez. É Jesus Sánchez e seus filhos, quem criticam, denunciam e comentam acontecimentos de suas vidas no texto (Lewis 1961/1964).

É essa perspectiva em que o outro discursivo é caracterizado como co-construtor do conhecimento a partir da produção escrita polifônica. Esse estilo vem sendo utilizado em diversas produções e inúmeros autores vêm apropriando-se desse modelo como posicionamento crítico e reflexivo que valoriza o outro nas ciências humanas e sociais.

4 A narrativa como escrita polifônica na produção científica: a defesa de um posicionamento epistemológico crítico e reflexivo

Todos nós, em nosso cotidiano, nos comunicamos através de narrativas em que emergem diversos contextos e vozes. A fila do banco, a padaria, a reunião de condomínio, o grupo de amigos e as aulas na universidade: em todos estes espaços estamos produzindo narrativas sobre o nosso modo de viver conosco e com os outros. Essas narrativas estão prenhes das palavras do outro (no sentido bakhtiniano), da nossa vida compartilhada com os demais seres humanos: estamos todos interligados na rede discursiva que atravessa os diversos campos da atividade humana.

A produção do conhecimento é feita igualmente através de narrativas. Essas narrativas, entretanto, são reformuladas, cortadas, fragmentadas, reduzidas com vistas à construção do texto para publicação. Essa narração inerente ao processo de pesquisa vem sendo, entretanto, revista e resgatada por diversos autores.

Em relação a esse aspecto, é importante a contribuição de Peter Spink (2003) para nossa discussão. Segundo ele:

A Ciência tem suas maneiras de narrar e é também ela uma maneira de narrar. Há muitas outras maneiras de narrar com a mesma utilidade: por exemplo, o narrar da experiência ou o narrar da tradição. Muito daquilo que chamamos Ciência, especialmente a Ciência Social e a Psicologia Social, é a re-textualização do outro; o re-narrar do já narrado. O re-narrar acadêmico é um narrar de maneira escrita do narrar oral, da conversa, da visita, do material, da materialidade, dos achados e perdidos (P. Spink, 2003, p. 38).

Nessa lógica, fazer Ciência é contar estórias por outros métodos. Para ser mais exato, a Ciência se diferencia dos demais campos da atividade humana justamente pela sua metodologia. Na perspectiva dialógica podemos inclusive afirmar que aos diferentes métodos das ciências humanas e sociais são formas pelas quais falamos dos percursos de nossas experiências com o outro: seu detalhamento, explicação e as diferentes perspectivas desses percursos. Falamos sobretudo do caminho da pesquisa, de sua explicitação e os posicionamentos do pesquisador e dos interlocutores em cada etapa dessa experiência. Entretanto isso não é uma tarefa de fácil execução.

Sem dúvida nossos estilos acadêmicos de narrar estão ainda muito presos aos pressupostos científicos pré-construcionistas e precisamos estar preparados para abrir mão da estrutura e estilos convencionais das dissertações, teses, artigos e apresentações quando estes não ajudam a construir um dialogo inicial entre o campo-tema e as demais pessoas direta ou indiretamente presentes - incluindo os não-presentes-mas-presentes-nas-narrativas (P. Spink, 2003, p. 39).

Segundo Rom Harré e Jens Brockmeier (2003) a narrativa configurou-se como um novo gênero de filosofia da ciência, resultante da crise do conhecimento e da crítica ao modelo positivista. Seus gêneros e formas são diversos, entretanto compartilham entre si algumas características comuns. Ela é especificamente caracterizada por ser uma estória contada dentro de determinados padrões discursivos ou convenções sociais. Essa característica situa a narrativa dentro de um contexto sócio-cultural específico. Nosso repertório está imbricado a determinado contexto sócio-histórico e cultural mais amplo, e obedece a uma série de normas que determinam o lugar da história em um todo discursivo, quem pode contá-la, quando, onde e para quem. Nesse sentido, “todas as culturas das quais temos conhecimento são culturas contadoras de estórias” (Harré & Brockmeier, 2003, p. 527).

Michel Bruschi e Neuza Guareschi (2007) argumentam que a escrita narrativa, por ser sensível às diversas realidades sociais em constante construção social, seja utilizada na elaboração e produção de trabalhos científicos de matriz construcionista. Ela vem sendo utilizada por diversos autores da área e pode configurar-se como importante estratégia para diluir as fronteiras entre as ciências e as artes, possibilitando uma flexibilização da primeira e uma aproximação das diversas facetas da experiência humana.

A partir da escrita narrativa podemos co-construir o universo de pesquisa e evidenciar que somos nós mesmos e nossos interlocutores, em si, a própria pesquisa. “Nós contamos histórias e nós nos tornamos as histórias que nós contamos” (P. Spink, 2003). É nesse sentido que a escrita narrativa contribui com a produção científica nessa área: sua fluidez e caráter construtivo possibilitam que o diálogo seja atualizado nas linhas do texto.

5 Considerações nada finais

O texto é produto, processo e produtor. Produto porque possui autoria e finalidade discursiva. Processo porque está sempre em movimento pelo outro. Produtor porque produz efeitos incontroláveis nos diversos campos da atividade humana. Nele se apresentam os outros em suas vozes e na voz do locutor-autor do trabalho. O outro é integrante do processo de escrita de um texto científico nas ciências humanas e sociais e por essa razão, apoiamos a escrita narrativa de caráter polifônico como estratégia para sua visibilização.

Em virtude desse posicionamento, propomos que os rigores metodológicos e a ética prescritiva, característicos do modelo de pesquisa do século passado e cujo caráter reducionista limitava o lugar do outro na pesquisa, sejam substituídos por outra lógica de produção científica que valorize o ser humano enquanto agente discursivo e possibilite seu reposicionamento como falante co-construtor do texto.

Essa proposta deve ser aqui compreendida como uma aposta de escrita para os ramos das ciências humanas e sociais que visam um posicionamento crítico e reflexivo e que visem valorizar a alteridade nos processos de produção de suas pesquisas. Não temos por objetivo dar fim a essa discussão, mas apenas (re)iniciá-la, (re)colocá-la em circulação, pois como afirma Bakhtin:

Não existe a primeira nem a última palavra, e não há limites para o contexto dialógico (este se estende ao passado sem limites e ao futuro sem limites). Nem os sentidos do passado, isto é, nascidos no diálogo dos séculos passados, podem jamais ser estáveis (concluídos, a acabados de uma vez por todas): eles sempre irão mudar (renovando-se) no processo de desenvolvimento subseqüente, futuro do diálogo. Em qualquer momento do desenvolvimento do diálogo existem massas imensas e ilimitadas de sentidos esquecidos, mas em determinados momentos do sucessivo desenvolvimento do diálogo, em seu curso, tais sentidos serão relembrados e reviverão em forma renovada (em novo contexto). Não existe nada absolutamente morto: cada sentido terá sua festa de renovação. Questão do grande tempo (Bakhtin, 1974/2010, p. 410)

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